top of page

"Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive"

  • Foto do escritor: Girassóis
    Girassóis
  • 26 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura


O verso de Emilio Moura é a inspiração do post de hoje. Emilio Moura é considerado o poeta das perguntas e dos questionamentos, brinca de forma genial com as interrogações. Em seus poemas e versos, nos revela os estados da alma humana. A poesia de Emilio é musical, profunda e não se satisfaz com explicações simplórias da vida.

“Será que são os remos ou as ondas que dirigem o meu barco?” Ah, são perguntas que todos nós gostaríamos de ter a resposta e, ditas assim em forma de poesia, nos conduzem a uma deliciosa viagem à reflexão.

“Tanto mais bela sonhada, quanto mais triste perdida” revela uma dor sem resgate. O lamento de uma saudade abstrata, do que poderia ter sido feito e não se fez.

Nesse momento me atrevo a discordar do poeta. Só um pouquinho. O fato é que viver, quase sempre, também dói. Não passamos pela vida sem experimentar dores, angústias, medos, incertezas, desconfortos. Atire o primeiro comentário quem nunca sofreu.

A pergunta é: se a vida vivida também dói, estaremos nós destinados a sofrer pelo vivido e pelo não-vivido? Ah, a vida não seria tão injusta. Nosso grande presente é que podemos escolher a dor que queremos viver! A escolha é nossa, de mais ninguém. Viver dói, mas é bem menos. E como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é se arriscando a viver mais.

Sempre haverá críticas e julgamentos sobre a decisão de quem resolveu mudar de rumo e encarar o desconhecido, sem garantias do que está por vir. Mas precisamos buscar o(s) caminho(s) em meio às nossas próprias dores e dúvidas para prosseguir em direção ao nosso propósito.

E não tem problema se perder um pouco ou cair e ralar os joelhos. A gente levanta, sacode a poeira e segue. O que não mata, fortalece! Viver é atrever-se. É ousar. É ser mais que uma pessoa feita de sonhos e fantasias. É ser mais que “uma casinha branca de varanda”. Afinal, ela pode ser azul, amarela, lilás, da cor que você desejar. Ou você pode escolher viver fora da casinha! É buscar o seu desejo mais profundo e transformar o desejo em ação. É plantar a semente hoje para colher amanhã. Como nos provoca Emilio Moura em suas poesias: é questionar a vida e escolher a dor que queremos.

O atrevimento demora. Confiar nos próprios instintos requer coragem. Encarar os próprios medos e sombras não é tarefa das mais fáceis.

É por isso que, vira e mexe, a tristeza surge repentina e impiedosa, desmontando certezas, invadindo o porão das lembranças e remexendo o baú. O atrevimento fica sem jeito, se encosta num cantinho qualquer enquanto a dor não passa, enquanto uma explicação não aparece.

“O que dói, ferindo fundo, ferindo, é a distância infinita entre a vida que se pensa e o pensamento vivido” Abra a porta e deixa a tristeza entrar. Ao acolher, aprendemos a lidar com ela. Percebendo quão bela pode ser a nossa tristeza. É nos dias silenciosos que as palavras ganham outros sons. Olhar para as nossas dores de forma gentil e carinhosa transforma nossa visão de dentro para fora, nos fortalece e faz lembrar que somos capazes. E nessa hora a gente se renova. O girassol busca seu sol interior e se enche de energia. E, novamente, a gente se encanta, se encontra e recomeça!


* Poesia de Emilio Moura


Viver não dói. O que dói é a vida que se não vive. Tanto mais bela sonhada, quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói é o tempo, essa força onírica em que se criam os mitos que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói é essa estranha lucidez, misto de fome e de sede com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói, ferindo fundo, ferindo, é a distância infinita entre a vida que se pensa e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.

Comentarios


  • White Instagram Icon
Instagram
Fale Comigo

© 2023 by Going Places. Proudly created with Wix.com

bottom of page